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80 anos de Hiroshima, Nagasaki e agora… o Tarifaço: quando a bomba é tributária

Por Redação NL – Notícia Livre

Em 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Era o “fim” da Segunda Guerra Mundial e o início de uma era em que o poder de destruição virou moeda diplomática. Hoje, exatos 80 anos depois, o cenário mudou — mas nem tanto. O arsenal é outro: a tarifa.

Sim, caro leitor, se antes a bomba caía do céu com uma ogiva, hoje ela desce em forma de planilha tributária e vem assinada por burocratas engravatados da Casa Branca. E o alvo da vez? O Brasil — esse eterno emergente que não consegue emergir nem da própria panela de pressão econômica.

Da bomba nuclear à bomba fiscal

Se em 1945 o Japão foi forçado a se render ao som do “big bang” da geopolítica, em 2025 o Brasil enfrenta um “big bang” comercial. Os Estados Unidos, outrora os “salvadores do mundo livre”, agora impõem um tarifaço sobre produtos brasileiros, como aço, alumínio e outros setores estratégicos. Motivos? Alegações de concorrência desleal, subsídios governamentais e, claro, aquela pitada de protecionismo gourmet made in Washington.

A história parece um déjà vu em slow motion: uma potência global impondo sua vontade ao resto do mundo — com menos radiação, é verdade, mas com os mesmos efeitos colaterais: desemprego, desindustrialização e dependência econômica.

Hiroshima: explosão. Tarifaço: erosão.

Enquanto Hiroshima virou pó em segundos, o tarifaço age de maneira mais refinada: é como uma bomba de fragmentação que atinge empregos, encarece produtos e enfraquece o parque industrial. Uma hecatombe suave, quase invisível. O Brasil, que já anda com as pernas bambas entre juros altos e câmbio volátil, agora vai precisar de muletas tarifárias e muita reza para competir num mercado que adora falar em “livre comércio” — desde que seja ele quem venda.

Uma sátira chamada diplomacia

O mais irônico — ou trágico — é que o Brasil continua acreditando no diálogo cordial com o Tio Sam. Afinal, como já dizia o velho ditado tropical: “com os EUA, nem tudo que é nuclear explode; às vezes, só corrói lentamente”.

E o Japão? Hoje é um aliado dos EUA. Passou de bombardeado a parceiro, mostrando que tudo é possível na política internacional — até perdoar quem quase te evaporou. Resta saber se o Brasil, depois de tarifado, também vai bater continência e dizer “obrigado pela oportunidade de aprender com o castigo”.

Conclusão (sem fogos)

O que aprendemos em 80 anos? Que o imperialismo mudou de roupa, mas não de essência. Trocaram-se ogivas por impostos, cogumelos atômicos por gráficos econômicos, mas o estrago continua sendo calculado em vidas, empregos e dignidade nacional.

Hiroshima e Nagasaki serviram de alerta para os horrores da guerra. O tarifaço deveria servir de alerta para os horrores da dependência econômica e da submissão diplomática travestida de globalização.

Se ontem a bomba era atômica, hoje ela é alfandegária.

E continua caindo sobre nós.

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