
SOCORRO, ONDE ESTÁ A PORTA DE SAÍDA?
By
Frederico Spencer*
“Escrever…É gritar sem fazer ruído”
Marguerita Duras
Um grupo expõe suas narrativas como totalmente verdadeiras, outro grupo também tem como verdades absolutas seu modo de agir, no meio ficam aqueles que trabalham duro, sem hora para largar do trabalho e que no final do mês pouco sobra para qualquer tipo de lazer. Daquilo que consomem, em muitos casos, mais da metade é consumida por uma carga tributária absurda. Ainda tem a famosa inflação que corrói um pedaço dos salários, tornando-os ainda mais pobres. O que fazer? Para onde correr? Em quem acreditar? Onde é a porta de saída?
Uma saída é buscar dados confiáveis mesmo com todas as Fake News estampadas nas telas, não tem outro jeito, é pesquisar e pesquisar – comparar dados é ainda a melhor saída. O difícil disso é o tempo que anda muito escasso. Mas todo esse trabalho vai ajudar o eleitor na hora do voto.
Em recente pesquisa de opinião sobre: “Trabalho do Congresso”, a Quaest revela dados impressionantes coletados em 2.004 entrevistas presenciais, realizada entre 10 e 14 de julho deste ano e que levanta números que devem trazer preocupações para o atual Congresso Nacional, se ainda houver alguma ligação deste com a população.
A Pesquisa QUAEST revela: “Trabalho do Congresso é desaprovado por 51% da população e a aprovação é de 42%.” Um item parece muito importante para entendermos este número de rejeição: foi perguntado aos entrevistados qual a percepção que tinham sobre as emendas parlamentares. Imaginem que 72% não sabiam que deputados e senadores têm à disposição cerca de 50 bilhões em emendas por ano e que a grande parte deste montante não tem prestação de contas a ninguém, são as chamadas emendas pix e outras tantas. Acho eu que se soubessem, a desaprovação aumentaria.
Outros números alarmantes: daqueles que sabem das emendas, 82% dos entrevistados acreditam que elas são um foco de corrupção e não chegam ao destino final. 72% da população não sabe que deputados e senadores têm esse montante à sua disposição. Devemos ainda colocar neste caldeirão outro dado interessante: o orçamento deste ano para o Congresso Nacional é de 15 bilhões e que o custo médio por parlamentar é de 24 milhões por ano, isso consome, 0,12% do PIB brasileiro. Nos Estados Unidos esse custo não passa dos 0,4% e no Reino Unido 0,2%.
A pergunta que fica é, de onde é que sai esse dinheiro todo? Respondo: é tirado dos impostos pagos pela população, esses impostos são gerados pelo consumo e produção de todos os bens e serviços produzidos no país. Tudo isto junto gera o chamado PIB brasileiro que serve como principal indicador usado para medir o desempenho da economia.
O PIB serve para avaliar o crescimento econômico, guiar decisões de política econômica como juros e gastos públicos e indicar também tendências de mercado e investimentos. O PIB do ano de 2024 foi 11,7 trilhões. Esse cenário que a pesquisa sinaliza parece nos mostrar que o Legislativo carece de renovação de imagem e fortalecimento da confiança pública — especialmente ao lidar com temas sensíveis como orçamento, transparência e representação.
O Congresso Nacional, que é formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado é peça chave para a manutenção da democracia, não importando, a priori, o seu custo, o que importa na realidade é que traduza e lute pela vontade popular, escapando das armadilhas dos lobs e das negociatas, em defesa daqueles que nele votou por acreditar em suas promessas.
*Frederico Spencer é sociólogo e escritor pernambucano
Publicar comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.